Peço-lhe calma, não ódio.
A conexão não foi cortada, mas dá curto-circuito. Não houve intenção, mas quem será que descascou? Só sei que o choque tem alta voltagem e afeta os órgãos: pulmão e coração. Mas não maldigo, nem rechaço. Me recolho, mais uma vez, over and over and over...
Cuspo palavras para aliviar o peito, umas para me lembrar de ensinamentos, outras para me esquecer de momentos de estupidez, algumas vão direcionadas para mais alguéns, muitos alguéns, alguéns que eu nem conheço, para ver se elas se diluem na multiplicidade deste espaço.
Sempre fui assim com elas, as palavras escritas. Acho que você também é. Afinal Mercúrio perpassa nosso sangue radioativo. (Insisto que você deveria acreditar nas nossas semelhanças, ao invés de sentir-se um soldado traído. Você sabe que não se ensina nada a quem não quer aprender, o que foi trocado foi por esforço mútuo e ampla simbiose).
A diferença é que dessa vez cuspo palavras sem mirar qualquer interlocutor, não por covardia, mas apenas por cansar-me de sentir a repercussão eterna de palavras mal entendidas. Tento agora algo como uma conversa com o espelho, mas registrada, para que eu não desatente das conclusões em um futuro. É como falar calada. Pode ser ingenuidade minha, pois talvez o interlocutor se assuma ou eu muito me exponha. Ou talvez do espelho saltem todos aqueles monstros que se escondem. São escolhas... acho que esta minha condiz com os erros passados, pelo menos assim já não tenho angústias, nem tampouco me espalho por aí, para aqueles que não protegem, não entendem ou subjulgam sem saber perceber quantas dimensões existem.
Você vê. Eu, às vezes, escuto.
Que metal transmissor indestrutível será esse?
À quantos graus centígrados derrete?
Para alguns podia virar grade de cadeia.
Os dias passam mais leves, mas, no fim das contas, nem eu mesma entendo, nem você.
O gato subiu no telhado e parece que não quer mesmo mais descer.
Salaam Aleikum
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