Tudo que parece ser é. Simples assim.
Negar tal afirmação é enganar-se, repetir-se em erros, naufragar-se em uma espiral de dúvidas, é perder o dito tão precioso tempo.
Tudo que parece ser, simplesmente, é.
"Parecer ser" seria o mesmo que aparência, aquela primeira impressão, instintiva. O ser humano, como qualquer animal, tem esse grande dom do instinto. Nos velhos tempos selvagens podia sentir a chuva aproximar-se, o cheiro da presa, o perigo iminente da proximidade de um predador inimigo. Preparava-se para o que sentia, pois até chegar a ver, já podia ser tarde demais.
Já o ilustrado ser civilizado de hoje, no auge de sua racionalidade, nega o instinto, só acredita no que vê e de forma contraditória declara que as aparências enganam. É mesmo uma grande ironia desilusória só acreditar no que se vê e proclamar que o que se vê nos engana.
Acontece que o humanóide civillizado é prostrado ante tantas imagens que desenvolveu a capacidade automática de olhar sem ver. Tornou-se um torpe espectador, na eterna espera do próximo capítulo, cegou seus olhos sem perceber. Achando-se muito ocupado com tudo que olha é facilmente atacado desprevenido por qualquer mísera serpente a passeio.
Não tenho dúvidas de que nossos olhos desgastados não são órgãos sensoriais hábeis para captar aparências por si só, mas podem ser treinados por uma meticulosidade fotográfica, que vá além do objeto e perceba a luz e as sombras de sua essência. As aparências são apreendidas pelos sentidos, pela observação sofisticada, feita não só com os olhos, mas com as víceras. Vêm antes do conhecer científico, mas correspondem ao nosso dom milenar da intuição.
Quando se capta realmente uma aparência, sabe-se que tudo o que se sente, não apenas parece ser, mas também é. E o processo é tão rápido, que ultrapassa qualquer momento para dramas ou para as angústias do incerto. O samurai simplesmente sabe o que lhe espera e age, ou prepara a ponta da espada ou esconde-se.
Nenhum comentário:
Postar um comentário